segunda-feira, 24 de novembro de 2008





E hoje és tu!



















E em 1981, (já eu descansava no meu berço na maternidade), nascia umas horas depois, a Renata.Era uma noite fria de Novembro...segundo consta e foi assim que quisemos vir ao mundo.
Eu sabia, que naquela noite, tinha ouvido um choro que me seria familiar para o resto da vida...secalhar cruzámo-nos no corredor, ou as nossas mães, estiveram lado a lado, a sofrer as dores do parto.O que elas não sabiam é que deitavam ao mundo nesse momento duas vidas, que mais tarde se iriam cruzar de tal forma, que só a morte as poderá separar.

No ano de 2001, partia eu numa missão, para a bela aldeia de S.paio...Gouveia, com o grupo de jovens.Era Agosto.
Alojados na casa do Padre, somos alvo de atenção por parte de toda a terra, que nos presenteia com bens alimentares e ajudas mil.Numa dessas ajudas, aparece a Renata com os seus avós, curiosa por tantos jovens da sua idade e desde logo, ou porque nos reconhecemos desde aquela noite na maternidade, ou porque tinha de ser assim, nunca mais nos largámos.Eu, mostrei-lhe o lado bonito da missão e o que ali estava a fazer.Ela, aceitou o desafio e ajudou no que pôde, mantendo-se por perto.
Passámos um dia na barragem da serra, no aniversário do seu avô, era uma grande churrascada de família e eu naquele momento, passei a fazer parte dessa família também.O dia, foi passado a andar de barco, um barco de borracha amarelo que estava furado e iamos acabando a boiar na água em busca de socorro, bem longe da margem. Demos voltas e mais voltas sempre a conversar rodeadas de montanha, num sol escaldante que viríamos a beber muitas vezes juntas, sem o sabermos.Foi um dia bem passado e que nos deu a descobrir esse facto de termos nascido quase ao mesmo tempo...de estudarmos na mesma faculdade, entre outros.
As cartas estavam na mesa.
Ainda hoje as jogamos e nunca ninguém perde e ninguém ganha.
Os anos passaram e lá estávamos nós, lado a lado.Férias juntas nessa aldeia serrana, aventuras pelo mundo, descobertas, crescimento.


Em 2003, eu deparei-me com uma doença grave, na qual ela sempre esteve presente com o seu sorriso meigo e paciência inegualável.

Em 2004, a Renata parte pela primeira vez para terras de Timor, para dar aulas, deixando em mim uma saudade funda, mas uma ligação forte, intemporal e capaz de resistir a qualquer adversidade.A saudade foi-se superando, nas visitas a Portugal, de uma forma intensa.


E no verão de 2006, depois de tanto falar de Taizé ao longo do anos, consigo cativar a Renata a ir a Taizé.Foi uma mudança na vida dela.Um ponto de viragem que a fez olhar a vida, a fé e o mundo mais de perto.Ela trabalhava, empenhava-se, entregou-se a tudo o que descobriu.
Os amigos nasceram pareciam cogumelos...e nunca mais aqueles olhos e sorriso, foram os mesmos.Passaram a ser mais iluminados, confiantes, doces, belos, cheios de Deus.

Os anos passam e entre Portugal e Timor, vive a Renata.Ainda hoje é assim.Despedidas no aeroporto ou esperas de 7h pela chegada, malas perdidas e peripécias.
As cores de Timor foram aparecendo na minha vida, mal sabendo eu que um dia talvez pudesse partir para lá.
Mas o tempo que passamos juntas é ainda hoje, recheado de gargalhadas, de lágrimas quando é preciso...de confidências únicas, daquelas que não se dizem a mais ninguém.Sabemos ler o olhar e as palavras uma da outra e prever as reacções.A minha casa, é a casa dela e não precisamos de hora e dia marcado para aparecer.Ninguém tem a calma de me dizer as coisas como ela...e convence-me sempre.É incrivél.Conhece-me tão bem e eu a ela.
Sabemos que na vida, podemos perder tantas coisas, mas também sabemos, que por mais voltas que a vida possa dar, nós, inaugurámos a palavra Amizade, assim que nos conhecemos...e é com ela que vamos selar a caminhada sobre a terra e continuá-la mais além.
Sim amiga, velhinhas de bengala, a beber chá e a comer scones, a rir muito das aventuras vividas,algumas que contadas niguém acredita...




Cresceste no nosso jardim, e tornaste-te numa das árvores mais belas e frondosas que me dá sombra em dias de calor, frutos, abrigo, solidez, cor, e ar puro e limpo.

Nesse mesmo jardim onde vive, uma gnoma,umDuende, e um baterista que ama o mar. =)

Eu não saberia não te ter.



Obrigado.

Sem comentários: