sexta-feira, 7 de março de 2008

Partir, para aprender a ficar...










Nunca pensei chegar aqui, olhar de frente o sol a cair a pique e saber cair com ele.

O tempo, é coisa que, adivinho na languidez das nuvens; a minha pressa é que é demasiado demorada.

Estou de mala pronta a meio caminho, de sítio algum.

Eu só queria as bainhas abertas, como o futuro e arrancar de mim o pó vermelho.

Partir de onde nunca cheguei.

Mas a dificuldade em escrever o meu nome pequenino, é tão grande, que me cria o vício de tentar uma e outra vez, por não caber dentro dele.

Tenho por hábito e destino costurar o corpo rasgado, por não saber conter tanta chuva de inverno que ás vezes fazes tombar em mim.

Felizmente todos os dias volta a crescer-me uma flor cá dentro, como nascem os pássaros no primeiro fôlego da manhã.

Um dia hei de lavrar a vida em pés de dança e vou explodir como as magnólias a destilar açúcar nas grandes avenidas velhas.

Vou correr atrás do vento para tomar um rumo, prevenir-me de acidentes futuros, enquanto a tarde ainda tem o hálito dourado do estio.

Um dia vou chegar de onde nunca parti, mas antes, vou partir para aprender a ficar.

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