quinta-feira, 5 de julho de 2007







Caminho...e descanso.















Todos os dias hei-de pensar nessas horas sem horas.

Sentir como sou feita delas

e que já não existo porque elas passaram;

sentir como elas ficam para sempre dentro de mim e eu delas,

renovada, outra, inteira-de-bocados-soltos,

transformada num sopro-eu etéreo - verdadeiramente viva.

Olho o silêncio.

Acordo os sentidos,

estou ausente

do exíguo que ocupo

e é apenas um utensílio(uma caneta de tinta difícil de escorrer).

Vou ao fundo de mim

ao alto de mim

ao longe do ser

buscar tudo o que me grita inteira

e ver-me onde sou borrão,não de tinta,mas de sangue vivo.

Ouço a música de mim...

descubro-a feita de vozes

violinos

harpas

segredos

e vento da floresta.

Assim que a sinto

percebo que não sou daqui

e que não sei voltar a casa.

E há uns olhos profundos

que vão revelando

os motivos que me trouxeram.

E há ainda o sorriso com que me acomodo na estalagem

contente

tão contente de ter, por quem doer.

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