Corro atrás do sol...

(Mónaco janeiro de 2007)

Ontem perguntavas-me o que era para mim um pôr do sol...?

Há dias que é assim...corro atrás do sol...em busca dos últimos raios, aqueles de cor mais intensa e dourada, aqueles que parecem limpar aquilo que foi mais um dia...e preparar o que se avizinha.
É assim que me sinto ao entardecer...momento de paragem, e recebo a noite, essa que muitas vezes reserva ainda a melhor parte do dia, boas surpresas...estrelas que se acendem.

É um pedaço de magia numa cidade que muitas vezes se afoga em problemas...é um rasgo de loucura,a relembrar outros fins de tarde, no campo ou junto ao mar, com outros rostos e melodias.

Ontem mais uma vez corri em busca do sol...e houve um diálogo assim bom de se ter.

Um diálogo que flui...que é suave e tranquilo.Que não esconde não omite, que é aquilo que é.

Gosto assim.

Há tanto tempo que não tinha um momento tão inesperado, e profundo.

Ali sentados com vista para a cidade a anoitecer, as luzes acenderam-se aos nossos olhos...e o rio mudou de cor.Envolviam-nos árvores, pássaros que marcaram a sua presença, frio...

Eu virada para o bosque encantado, á procura de Duendes...aos saltos,a gracejar.E tu virado para o rio, o teu rio...que te conhece bem.

Contudo nenhum outro momento contigo, me soube tanto ao calor deste entardecer.

O escuro tomou conta desse lugar, reservado para nós...e eu não tive medo.

Caminhei sem poder ver onde colacava cada pé...e não hesitei.

Quando era pequena nunca tive medo do escuro...mas também dependia de quem me acompanhava.

É essa a luz que a amizade nos dá...estou certa.É essa segurança que nunca deviamos deixar de sentir uns nos outros.

Desafias-me, para me sentir mais viva do que já me sinto na verdade.É isso que na verdade provocas em mim.Mais vontade de viver do que aquela que me pertence, desde que me entendo...

O que sentiste ao ver a cidade dormir..também eu senti uma vida inteira...sem saber que alguém o pensava assim.

A cidade respira...

E eu também...