sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Nobreza e sofrimento de mãos dadas


Mafalda Veiga deu na passada segunda-feira em Coimbra um espectáculo memorável, que foi muito para além do que seria de esperar. Com o Gil Vicente à pinha, a artista este claramente à altura do momento e bem aconchegada se deve ter sentido no entusiasmo e dimensão dos aplausos que, sendo a ela dirigidos, levavam uma mensagem de solidariedade para com uma causa a que ela aderiu e muito bem compreendeu. Mafalda Veiga canta bem. Mas o que mais impressiona é a letra das suas canções, todas elas portadoras de uma mensagem que são âncoras a que muitas vezes nos temos de agarrar para que o chão não nos fuja debaixo dos pés.
A razão justificativa do espectáculo valia por si. Fazia parte dos primeiros passos de um movimentos de voluntariado que assumindo a solidariedade com o lema e o sofrimento do próximo como causa também sua, se propões desmistificar as doenças do foro oncológico, muito especialmente o cancro da mama, que infelizmente atinge muita senhora e que, se detectado a tempo, tem uma probabilidade de cura superior a 90%. Se assim é, a primeira coisa é ir por aí: sensibilizar a comunidade para um rastreio que leve à detecção do mal logo no seu inicio, por forma a que a medicina resolva o resto. Essa sensibilização (de que tem sido um militante incansável esse homem ilustres que é o dr. Manuel António, há vários anos a dirigir de uma forma notável o IPO de Coimbra) passa também, pela não diabolização deste tipo de doença. Uma espécie de estigma social, o medo de enfrentar uma realidade dolorosa, o desconhecimento e a convicção de que os males acontecem apenas aos outros, leva a que muita mulher negligencie os cuidados de prevenção e detecção precoce que hoje são de todo indispensáveis. Para conseguir tão nobres propósitos, aí está o Movimento Vencer e Viver, do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa contra o Cancro, a mobilizar meios e pessoas para intervir na sociedade, quer alertando para a necessidade de um diagnostico precoce, quer acompanhando as doentes em recuperação, quanto mais não seja incutindo-lhes no espírito que o mundo não acaba ao virar da esquina, nem sempre são fixas e inamovíveis as fronteiras do mundo.
Só quem nunca adormeceu abraçado à morte, sem saber se vai haver amanha, pode não compreender a dimensão humana de um movimento desta natureza, a que Mafalda Veiga deu todo o seu apoio, escolhendo um reportório carregado de sentido, pelas mensagens de esperança e estimulo espalhadas pela letra das canções.
Foi um belo espectáculo. É verdade. A artista ajudou, entendendo a sua razão de ser e o propósito que se tinha em vista. O Gil Vicente acolheu a cidade. Levada pela nobreza da causa e pelo prestígio dessa mulher enorme que não pára de crescer no corpo de La Salete Bastos, líder e alma do movimento que, disfarçadamente, comporta dentro de si carradas de coragem e de nobreza. Levando a esperança por companheira, o Movimento partiu. A próxima paragem pode ser na casa de qualquer um de nós. Obrigada Mafalda.

1 comentário:

teresa disse...

as letras das canções da mafalda veiga são, se escutarmos com atenção, carregadas de sentido e, claro, muito boas:D
quanto ao resto, é sempre importante que as pessoas estejam o mais informadas possível acerca do cancro da mama, e outras doenças.. para que saibam enfrentá-las e lutar pela vida.. não é?? :D
bjinhos