terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Dia cinzento, coração de Sol.


O dia amanhece cinzento e frio.
Já o adivinhava.
Contudo não é isso que me impede de sair para a rua a sorrir.
O sol mora dentro de mim.Penso eu ás vezes.
Encontro sempre luz, calor, saída, solução, lado bom.
E ás vezes em dias de sol brilhante, quem me habita é a chuva, e aí chego a ver ver nuvens, nevoeiro, frio...
Mas a maior parte dos dias é sol, que nasce cá dentro.
Ontem depois de jantarmos juntos numa casa de afectos, e calor, pediste-me que te acompanhasse.
Eu fui.
Olhei para ti, amigo de tantos anos e vi como de facto o tempo começa a passar em nós, vi de soslaio o teu cabelo onde já aprecem alguns brancos, o rosto parece estar mais largo, e defenido, seguro...
Os teus projectos, falas-me deles, confias os medos,és tudo o que realmente és, perante mim.
E eu a Rita, como mais ninguém conhece.
Derepente, olho bem para nós e para o que já vivemos, somos adultos, com responsabilidades a cumprir e obrigações...que não nos prendem, ou escravizam, mas nos satisfazem, porque a isto chamamos viver.
Porque sorrimos com os passos que damos...e conquistas que temos, até mesmo com os fracassos.
No regresso a Lisboa, entramos na A1, vais na faixa da direita, sem pressas, absorvendo cada kilómetro...e eu peço-te aquele CD, que trouxeste ao sair, que achaste que eu ia gostar.
Já o conheço, mas acabo por redescobrir a música e a letra, é sempre assim, tens esse poder, de me fazer apreciar a fundo uma música que julgava não me dizer nada.
Dás sentido a tudo aquilo que tocas...vês e ouves.
Que bom é ter um amigo assim, como tu, e não duvidar nunca da nossa cumplicidade.
Seremos velhotes e iremos fotagrafar, e tu apanhar ondas, coma tua prancha azul e eu ficarei sentada ao sol a escrever...um livro para publicar.Quem sabe?
Tu vais sempre gozar comigo por ser velhota e usar tranças e eu rir-me de ti por ainda quereres apanhar ondas.
Mas nunca vamos perder o gosto pela vida...e por vivê-la dentro da existência de cada um.Se é que me faço entender?
Chego a Lisboa, e entro nas luzes laranja, os olhos estranham...
Vou para casa com a sensação de um longo dia...e tive a certeza que dormiria profundamente.
Vale a pena gastarmos os dias por sorrir, ajudar, estar...
Adormeci sorrindo e assim acordei...só de pensar que ao chegar ao trabalho iria estar face a face com a ternura.
Essa que alimento e me alimenta...e sustém.

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